NASA, ESA e Coreia do Sul permitirão acompanhar a poluição da Terra a cada hora
Texto por: Claudio Yuge | Canaltech (10 de março de 2020).
A poluição no planeta tem chegado a patamares extremos nas últimas décadas, e o impacto tem sido visto nas mudanças climáticas que têm preocupado cada vez mais o mundo todo. Para ajudar a compreender o que a humanidade tem feito com seu planeta, a NASA, a Coreia do Sul e a Agência Espacial Europeia (ESA) estão trabalhando juntas em uma “constelação virtual” de instrumentos espaciais para documentar a qualidade do ar global, em detalhes sem precedentes. Pela primeira vez, os cientistas poderão rastrear a poluição do espaço a cada hora.
O primeiro instrumento desse projeto, o Espectrômetro de Monitoramento do Ambiente Geoestacionário (GEMS, na sigla em inglês), partiu da Coreia do Sul no dia 18 de fevereiro, voando para a órbita em um satélite coreano, também encarregado do monitoramento da superfície do oceano. A NASA planeja enviar um instrumento quase idêntico em uma cápsula de comunicações comerciais, em 2022. Em seguida, duas unidades da ESA devem se juntar a esses satélites em 2023.
A captura deve identificar poluentes como dióxido de nitrogênio, impurezas atmosféricas, formaldeído e aerossóis. Os dados atualizados por hora devem apresentar um quadro mais preciso do que atualmente, com varredura no horário de tráfego intenso de veículos ou nos momentos em que uma usina atende às demandas de pico de energia. Essa estrutura também será capaz de revelar se a poluição de uma determinada região foi gerada lá mesmo, ou se ela veio de outro país.
“O mais empolgante é saber a origem da poluição e a poluição gerada pelos transportes em diferentes momentos do dia. Seremos capazes de apresentar informações e realizar mais previsões precisas, porque saberemos sobre as fontes e como elas mudam ao longo do tempo”, disse Barry Lefer, gerente de programa da Divisão de Ciências da Terra da NASA, em entrevista coletiva.
Instrumentos atuais só conseguem medir a poluição uma vez por dia:
Os atuais rastreadores, que já estão bem velhinhos, só conseguem medir a poluição do ar uma vez por dia. Eles passam por qualquer ponto da Terra, no mesmo horário, enquanto circulam em uma órbita polar em sincronia com o Sol. O GEMS se tornou o primeiro sensor de qualidade do ar a circundar a Terra em órbita geoestacionária, o que permite fazer observações constantes da mesma área.
O primeiro monitoramento do GEMS vai abordar aerossóis e poluição atmosférica na Ásia, e os dados devem estar disponíveis em 2021. A NASA deve rastrear o que acontece nos campos de petróleo e gás, navios e plataformas de perfuração, e o tráfego na hora do rush na América do Norte. Já a ESA trabalhará para melhorar a precisão de suas previsões diárias da qualidade do ar na Europa e no norte da África.
Além desses objetivos, os dados coletados podem aumentar nossa compreensão de uma ampla gama de questões sobre o assunto, a exemplo do impacto da qualidade do ar na saúde humana. “O destinatário do serviço e as informações sobre a poluição variam desde a pessoa interessada em como o nível de poluição será esta tarde até o formulador de políticas que busca tendências e avalia a conformidade dos níveis de poluição com os padrões acordados”, afirmou Ben Veihelmann, representante da ESA na Holanda. Ele ressaltou que a poluição do ar na Europa reduz a expectativa de vida média em dois anos, de acordo com um estudo recente.
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