Minimalismo: um aliado do consumo consciente
Texto por: Maiara Barbosa | Akatu (14 de maio de 2020)
Enquanto você lê este parágrafo, pense nos cômodos e móveis da sua casa: no armário da sala existe algum objeto que faz tempo que você não usa? As gavetas e prateleiras da cozinha estão cheias, você não utiliza todos os apetrechos ali guardados e ainda assim fica se perguntando se falta alguma coisa? No quarto, o guarda-roupas tem pelo menos dez peças que você nem lembra estarem ali? E qual foi a última vez que você abriu uma das caixas que guarda escondidinhas?
Pois é, neste período em que passamos mais tempo em casa por causa do isolamento social imposto pela pandemia do coronavírus, pode ser que você também tenha notado que, sem perceber, nós acumulamos objetos que não precisamos. De produtos vencidos, como maquiagens e remédios, a objetos quebrados e roupas e calçados que não nos servem mais. Este acúmulo desnecessário ainda pode nos dar a (falsa) sensação de que precisamos de mais uma coisinha: um espaço maior para podermos nos organizar.
Talvez o que precisamos, de verdade, é conhecer um pouco mais a fundo a filosofia minimalista e tentar seguir alguns de seus conceitos. A grande sacada do minimalismo é mostrar que alcançamos uma melhor qualidade de vida ao nos livrar do excesso de objetos, criando espaço apenas para o que nos é essencial. Ou seja, anda lado a lado com o consumo consciente, um consumo sem exageros e focado no nosso bem-estar.
“O minimalismo é o respeito ao planeta. Nós só precisamos do essencial, só precisamos consumir o necessário. Tudo o que é a mais tem a função de massagear o ego e isso atrapalha a conservação do planeta para as próximas gerações. Devemos pensar no mundo que vamos deixar para o próximo”, diz Silas Fernandes, que conheceu o minimalismo em 2016. De fato, ele tem razão, pois tudo o que é produzido demanda recursos naturais e, necessariamente, o seu processamento tem alguns impactos negativos sobre o meio ambiente.
Desde então, o professor de geografia administra no Instagram o perfil @filosofiaminimalista, com mais de 50 mil seguidores. Sem comprar nada desde o Natal, quando adquiriu uma toalha de mesa para bordar, ele conta que o minimalismo lhe ajudou em um momento de crise. “A mídia e a sociedade dizem que a nossa felicidade depende do material. A vida, porém, é muito mais do que acumular bens materiais.”
Para ele, a principal dificuldade ao começar a incorporar o minimalismo em sua vida foi entender que os bens materiais lhe faziam mal porque exigiam muito do seu tempo de trabalho para que tivesse o dinheiro suficiente para adquiri-los. Vale ressaltar: muitos desses bens não eram necessários ou nem mesmo contribuíam para o seu bem-estar.
Ao adotar conceitos do minimalismo, a pessoa incorpora como hábito fazer a primeira das 6 Perguntas do Consumo Consciente: “Por que comprar?” Assim, começa a compreender melhor do que realmente precisa e entende que pode consumir de uma forma diferente, com melhor impacto, sem excessos ou desperdícios.
Silas conta ainda que o minimalismo o fez perceber a importância de dar atenção ao nosso lado espiritual, às relações que criamos e ao tempo que dedicamos para as experiências. E dá a dica para quem quer tentar: “Anote em um papel os pontos que atrapalham a sua vida para que você inicie por eles um trabalho de desconstrução”.
Pode ser que você esteja distribuindo mal o seu tempo, ficando estressado com o número de compromissos, ansioso com a quantidade de metas que determinou para si próprio ou simplesmente precisando estabelecer momentos para não pensar em nada.
Para ir em busca do seu bem-estar e trilhar um caminho que sustente uma vida com melhor qualidade, os conceitos do minimalismo podem ser grandes aliados.
Quer aprender mais sobre o minimalismo?
Assista na Netflix Minimalism: A Documentary About the Important Things (“Minimalismo: um documentário sobre as coisas que importam”, em tradução livre). Ouça o episódio Minimalismo: os dilemas do desapego, do Braincast ou acompanhe o Minimuscast, um podcast semanal sobre experiências da jornada minimalista.
E tem mais! Para ler sobre o assunto, procure as seguintes obras:
O Estilo de Vida Minimalista – Joshua Michaels
Simplicidade Voluntária – Duane Elgin
Menos é mais: Um guia minimalista para organizar e simplificar sua vida – Francine Jay
Minimalismo: Como viver com menos e como isso pode melhorar a sua vida – Paul Lee
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