Plástico: quimera enzimática pode ser a resposta para a reciclagem
Texto original por: Julia Marinho | TecMundo (04 outubro de 2020)
Em 2018, cientistas dos dois lados do Atlântico reprojetaram uma enzima para que ela se alimentasse mais rapidamente de plástico. Agora, a mesma equipe combinou a PETase com a MHETase para acelerar ainda mais o processo de decomposição do termoplástico tereftalato de polietileno, o popular PET que hoje está presente no planeta inteiro, das prateleiras dos supermercado ao estômago de aves marinhas.
Pela Inglaterra, trabalharam pesquisadores em engenharia de enzimas liderados pelo biólogo estrutural John McGeehan, diretor do Centro de Inovação de Enzimas (CEI) da Universidade de Portsmouth. A eles se juntaram o engenheiro químico Gregg Beckham e sua equipe interdisciplinar de biólogos, químicos e engenheiros do norte-americano Laboratório Nacional de Energia Renovável (NREL).
Quimera mais eficiente
Se há 2 anos a PETase foi reprojetada para devorar plástico 20% mais rapidamente, a combinação dela com a MHETase aumentou a eficiência do processo em três vezes. “Nossos primeiros experimentos mostraram que elas realmente funcionavam melhor em conjunto, então decidimos tentar ligá-las fisicamente. Nossa nova enzima quimérica é até três vezes mais rápida do que as enzimas separadas, abrindo caminhos para mais melhorias”, disse McGeehan.
A pesquisa surge como uma alternativa de baixo custo para a reciclagem do PET, um problema ambiental que precisa urgentemente de uma solução. Segundo o relatório de 2018 do World Wide Fund for Nature, entidade internacional que atua nas áreas da conservação, investigação e recuperação ambiental, todos os anos chegam aos oceanos 10 milhões de toneladas métricas de plástico.
1 século em 1 década
Se nada for feito, em 1 década haverá o equivalente a 26 mil garrafas de plástico no mar por quilômetro quadrado; em 20 anos, serão 29 milhões de toneladas métricas boiando nos oceanos — por ano, os plásticos já matam 1,5 milhão de animais. A humanidade produziu mais matéria plástica nos últimos 10 anos do que em todo o século XX.
Em sua forma natural, a PETase não é rápida o suficiente para tornar comercialmente viável o processo de reciclar as toneladas de garrafas PET descartadas todos os dias. A descoberta do coquetel PETase + MHETase pode ser mais um passo na direção de uma solução para o problema global da poluição por plástico. Se você achou bobagem a proibição do uso de canudos plásticos, assista ao vídeo a seguir.
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