Eu nado pelos oceanos: Entrevista com a ultramaratonista Patrícia Farias
Texto por: Hayllame Negreiros | Equipe Limpa Brasil
Podendo ser realizada em oceanos, lagos, baías, represas, canais ou rios, a maratona aquática é uma modalidade esportiva de natação em àguas abertas e é reconhecida desde 1810, quando Lord Byron nadou da Europa para a Ásia através do Hellespont, atualmente conhecido como Dardanelos. Já em 1875, Matthew Webb nadou da Inglaterra até a França, escoltado apenas por um barco a remo e amarrado a uma corda, seus únicos recursos alimentícios eram bacon frito e conhaque, auxiliando também na hidratação. No entanto, sua estreia nas Olimpíadas ocorreu apenas em 2008, quando realizada em Pequim.
A ultramaratonista aquática Patrícia Farias começou a fazer natação aos 3 anos de idade, para o tratamento de asma e passou a se dedicar ao esporte em águas abertas a partir de 2011. Alguns anos depois, entrou na rota das grandes travessias naturais. Em 2013, foi campeã brasileira nos 10km e, em 2016, vice-campeã na travessia 14 Bis, 24km. Além disso, conquistou três medalhas de bronze nas edições de 2016, 2017 e 2019 da ultramaratona aquática da Ilha do Mel com 23km e medalha de prata, também de 2017, no Rio Negro.
A famosa frase “não é só esporte” cabe perfeitamente para Patrícia, que se dedica pelo amor ao esporte, limites pessoais, superação, respeito à natureza e conscientização em relação à preservação ambiental dos oceanos.
“A cada nado, procuro me unir a uma causa, contribuir de alguma forma, e agora estou muito feliz em fazer parte dessa grandiosa causa pelos Oceanos, meu habitat, um desafio pelo planeta #EuNadoPelosOceanos”
Nas praias, em alto mar e nos mutirões de limpeza realizados pelo Instituto Limpa Brasil, sempre é encontrada uma diversidade de objetos, como plásticos, resíduos diversos e até mesmo eletrodomésticos, entre outros objetos. Segundo a esportista, também são encontrados objetos indevidos nos treinos no mar, principalmente após períodos de chuvas.
Diante desse cenário, a parceria entre o Limpa Brasil e a embaixadora Patrícia Farias tem como principal objetivo conscientizar cada vez mais para a preservação dos oceanos.
“Quero fazer muito mais pelo espaço que ocupo, meu habitat! Assim, me sinto honrada, motivada e feliz demais em fazer parte e ser a voz desse projeto #EuNadoPelosOceanos tão grandioso para o nosso Planeta!”
Confira a entrevista completa abaixo:
P: Conta um pouco pra gente sobre a sua história de vida e a sua carreira. Qual o motivo para ter escolhido seguir nessa profissão?
“Sou atleta, ultramaratonista aquática, de grandes desafios. Meus amigos até me chamam de “Mulher de Ferro” [risos] gosto de frisar também que não sou atleta profissional, na verdade sou uma apaixonada por nadar em águas abertas e treino para sempre fazer o meu melhor. Minhas principais conquistas: Fui a primeira mulher a nadar do Leme ao Pontal no RJ, 36km, contribuindo para o encorajamento feminino; Primeira mulher a nadar da Bolívia ao Peru no Lago Titicaca, 20km, em prol da preservação do lago e fomentar o esporte na região; Me desafiei na travessia Capri-Napoli na Itália, 36km; e recentemente nadei 40km em Manaus, no Rio Negro, nado dedicado ao abrigo Nacer e para comemorar meus 40 anos. E muitas outras travessias pelo Brasil. Amo nadar e adoro desafios! Do lado profissional, sou formada em administração, gestão de pessoas, com alguns outros cursos e especializações, já trabalhei fortemente na área de Recursos Humanos (gosto demais de lidar com pessoas), fui analista TI (Tecnologia da Informação), e nos últimos anos minha atuação foi mais na área comercial. Atualmente tenho me dedicado as vendas, consigo ajustar meus horários para também me dedicar ao esporte.”
P: É incrível a sua dedicação ao esporte! As recompensas foram extremamente positivas, pois, além da vitória, ainda pode dar visibilidade ao esporte e mostrar a importância da preservação ambiental dos oceanos. Dito isso, qual prêmio foi mais marcante para você e quais seus objetivos futuros?
“Toda conquista para mim é sempre muito importante, e todas são marcantes demais! Seria injusto destacar uma só [risos]. A magia do Leme ao Pontal, nadar pela nossa bela orla do Rio de Janeiro, um cenário espetacular, e foi minha primeira maior travessia; Capri-Napoli, outro lugar maravilhoso com uma história riquíssima; Lago Titicaca, o berço dos Incas, a cultura, a beleza, que energia! Fora o desafio de nadar na água em torno de 10º e altitude 3.812mts; e o nosso Rio Negro, Amazonas, magnífico, sentimos a natureza completamente viva, sensação única estar ali! Me fascina, além do próprio desafio, a beleza, cultura e conhecer mais as histórias de cada local. A cada nado, procuro me unir a uma causa, contribuir de alguma forma, e agora estou muito feliz em fazer parte dessa grandiosa causa pelos Oceanos, meu habitat, um desafio pelo planeta #EuNadoPelosOceanos. O meu principal objetivo agora, é me dedicar cada vez mais ao Instituto Limpa Brasil, e ser a porta voz dos oceanos pelo planeta.”
P: Confesso que fiquei curiosa para saber como funciona uma travessia tão longa e já queria aproveitar a minha curiosidade para saber como estão os preparativos para a Travessia BISA em Ilha Grande de 48km.
“A Travessia em Ilha Grande é organizada pela empresa BISA, a qual pagamos determinado valor pelo nado e eles se encarregam de toda a logística do nado, como a embarcação, data e horário da largada. Eles me avisarão com 48h de antecedência sobre o nado, pois a travessia é feita na melhor condição do mar no período estipulado. E falando nos 48km, nenhuma mulher ainda se desafiou nessa distância, então sou a primeira mulher a me desafiar. Nesse momento ainda estou no aguardo da janela da travessia, pois a minha foi adiada devido às fortes chuvas na região, então continuo treinando firme no Rio de Janeiro, treinamento físico, psicológico e suplementar.”
P: Devido às fortes chuvas no Rio e as tragédias que aconteceram recentemente com os deslizamentos de terra e enchentes, quais desafios você está enfrentando?
“A ansiedade da data da travessia, unido a preocupação de como está a região de Angra, assim como tantos outros lugares.”
P: Nos mutirões de limpeza sempre encontramos uma diversidade de resíduos, até mesmo eletrodomésticos quebrados, plástico, entre outros diversos objetos. Você costuma ver esse cenário durante as travessias?
“Não nas travessias, mas em treinos no mar sim, principalmente pós chuvas.”
P: Hoje, o Instituto Limpa Brasil se orgulha de tê-la como embaixadora. O lema “Eu Nado Pelos Oceanos” é de extrema importância para a conscientização das pessoas e especialmente para a preservação ambiental dos oceanos. O que isso significa para você?
“Quero fazer muito mais pelo espaço que ocupo, meu habitat! Assim, me sinto honrada, motivada e feliz demais em fazer parte e ser a voz desse projeto #EuNadoPelosOceanos tão grandioso para o nosso Planeta!”
Para ajudar na preservação dos oceanos, é fundamental que cada um faça a sua parte, não descartando resíduos em geral, principalmente resíduos plásticos e químicos, nas águas, nas praias ou em qualquer lugar que não seja o adequado para o descarte. Você não precisa nadar pelos oceanos, mas pode se esforçar por ele! Preserve!
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